Advogada rebate versão de Payet e detalha sobre as agressões

Em entrevista exclusiva concedida ao Lance!, a advogada Larissa Ferrari contestou a versão apresentada pelo meia Dimitri Payet, do Vasco, sobre as denúncias recentes. Ela detalhou o relacionamento que manteve com o jogador, afirmando que os episódios relatados envolveram agressões físicas, psicológicas e práticas degradantes, diferentes do que foi alegado pelo francês, que em depoimento à polícia sustentou a tese de consentimento mútuo.

Larissa revelou que, inicialmente, as práticas íntimas com Payet, embora intensas, não deixavam marcas visíveis. Entretanto, conforme afirmou, a partir de janeiro deste ano, o comportamento do jogador mudou drasticamente.

“Foi a partir de janeiro, quando ele retornou da França, que ele começou a falar sobre punições”, relatou a advogada. Segundo ela, as práticas evoluíram para ações mais agressivas, que resultaram em hematomas em seu corpo, o que foi percebido, inclusive, por pessoas próximas.

O episódios de maior violência emocional ocorreram, ainda segundo relato, após um episódio de ciúmes envolvendo o jogador Paulinho, do Palmeiras. “A urina foi a partir do momento que ele me pediu provas de amor, para provar que eu gostava dele”, declarou.

Sua versão vai de frente à de Payet, visto que Larissa afirmou que tais práticas não eram espontâneas, mas fruto de pressão emocional e de um medo intenso de perder o relacionamento, agravado pelo seu transtorno de personalidade borderline.

“Não é real”

Quando questionada se as práticas descritas por Payet, como sadomasoquismo, eram consentidas, Larissa foi categórica: “Eu nego a versão dele, que ele falou que tudo era consentido. Isso não é real”. Ela ainda assegurou que mensagens e vídeos trocados entre eles comprovam a existência de pressões psicológicas para a realização dos atos.

Larissa contou que tentou encerrar a relação em março, momento em que retornou para sua cidade natal, e que, desde então, não houve mais contato entre ambos. Reforçou, ainda, que jamais buscou acordos extrajudiciais, destacando que seu objetivo é a responsabilização criminal de Payet, não interesses financeiros.

“O meu interesse era de que tudo fosse apresentado com provas juridicamente”, frisou.

Atualmente, Larissa segue abalada emocionalmente, sob acompanhamento do CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), tomando medicações diárias. Em suas palavras, “ainda não consegui retomar minha rotina, ainda não consegui voltar ao Rio de Janeiro. Nunca mais fui a nenhum jogo do Vasco”. A advogada aguarda a concessão de medidas protetivas, incluindo o botão do pânico, a fim de garantir maior segurança.

A versão de Payet apresentada em depoimento

Conforme reportagem do g1, Dimitri Payet prestou depoimento à Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, no dia 16 de abril. Acompanhado de advogada e intérprete, o francês reconheceu o relacionamento extraconjugal com Larissa, mas negou qualquer tipo de agressão física, moral, psicológica ou sexual.

De acordo com o jogador, as práticas relatadas eram consensuais e teriam sido iniciadas a partir do interesse da advogada, que, segundo ele, enviava vídeos de conteúdo íntimo de maneira espontânea. Payet afirmou que Larissa solicitava práticas que, eventualmente, resultavam em marcas no corpo, especialmente devido à sensibilidade da pele dela.

O atleta ainda disse que a ruptura no relacionamento ocorreu após recusar a proposta da advogada de bancá-la na França para que o affair continuasse. Após o rompimento, relatou ter recebido mensagens de Larissa ameaçando expor “segredos” caso ele não entrasse em contato.

Por meio de sua defesa, o francês manifestou indignação com o vazamento dos autos do processo e reiterou a confiança na comprovação de sua inocência. A advogada Sheila Lustoza afirmou: “O caso revela com provas algo que é muito claro: uma mulher no exercício de sua liberdade e vontade, como deve ser, ao contrário do que foi narrado até o momento publicamente”.

Em meio a isso, Larissa declarou à imprensa: “Eu sabia que ele negaria. Mas eu continuarei buscando a justiça, por mim e por todas que se calam diante de abusos. O dinheiro, a fama dele e o machismo não irão me calar”.