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Corinthians contesta dívida de R$ 6 milhões com agente

O Corinthians contestou na Justiça a inclusão de um montante de R$ 6 milhões em uma dívida reconhecida no Regime Centralizado de Execuções (RCE) em favor do empresário Giuliano Bertolucci. A dívida total, formalizada anteriormente, soma R$ 78,2 milhões, dos quais R$ 42,2 milhões se referem à aquisição dos direitos econômicos do jogador Ramiro. Conforme registros, o valor global cresceu, sobretudo, devido ao descumprimento de prazos estipulados para pagamento.

Em fevereiro deste ano, o clube protocolou um embargo para tentar suspender a execução da dívida. O Corinthians alegou que não reconhece a parcela de R$ 6 milhões, pois não houve a apresentação de uma planilha detalhada que justificasse a cobrança. Além disso, argumentou que a prática de juros compostos, verificada na dívida, é inconstitucional no Brasil, e destacou cláusulas do contrato firmado com Bertolucci durante a gestão de Duilio Monteiro Alves para reforçar sua posição.

Aliás, a defesa do empresário rebateu de imediato, sustentando que o valor foi pactuado verbalmente e incorporado ao RCE sem contestações anteriores por parte do Corinthians. Conforme apresentado em documentos judiciais, houve uma troca de mensagens via WhatsApp entre André Lavieri, representante da Alvarez & Marsal que presta serviços ao clube, e o intermediário de Bertolucci, com planilhas de valores e confirmações de entendimento entre as partes.

Participação de Pedro Silveira

A troca de mensagens revelou que os valores apresentados ao empresário foram aprovados pelo então diretor financeiro do clube, Pedro Silveira. O Corinthians reconheceu a responsabilidade de Silveira nas tratativas e ressaltou que o departamento jurídico, liderado por Vinicius Cascone, também esteve envolvido nos processos, sempre sob a coordenação do presidente Augusto Melo.

Entretanto, a Alvarez & Marsal destacou em nota que seu contrato com o Corinthians limita-se a apoio operacional e que a empresa não tem autonomia para decidir ou firmar acordos em nome do clube.

“A Alvarez & Marsal informa que seu contrato com o Sport Club Corinthians Paulista tem como objeto apoio operacional à Diretoria Financeira com valor fixo mensal, sem vínculo com performance e sem qualquer bonificação relacionada à renegociação de dívidas”, esclareceu a empresa, afirmando seguir rígidas normas de governança e compliance.

Divergência e posicionamento de Duilio Monteiro

O ex-presidente Duilio Monteiro Alves, citado na defesa do clube, negou ter inserido juros compostos no contrato firmado com Bertolucci. De acordo com Duilio, o documento que rege a dívida estipula apenas a incidência de juros simples de 1% ao mês, multa de 2% e correção monetária pelo IPCA. “Essa informação de que as condições de negociação seguem as que foram previstas em contrato na minha gestão é mentirosa”, declarou o ex-mandatário.

Além disso, Duilio reforçou que a negociação mencionada pelo clube atual foi feita de maneira informal entre representantes da Alvarez & Marsal e o departamento financeiro, evidenciando, segundo ele, uma prática preocupante de gestão. “É espantoso e extremamente preocupante pensar que todos os acordos contidos na RCE foram realizados através de negociações realizadas pela gestão Augusto Melo”, completou.

Consequências e suspeitas internas

O episódio gerou suspeitas dentro do próprio clube quanto à formalização de outros acordos no âmbito do RCE, visto que Pedro Silveira liderou a negociação de aproximadamente R$ 379,2 milhões em dívidas, com a anuência de Cascone e Melo. Assim sendo, discute-se a necessidade de o Conselho Deliberativo investigar se práticas semelhantes ocorreram em outras tratativas, podendo ter resultado em gastos adicionais para o Corinthians.

Surpreendentemente, Pedro Silveira pediu demissão na sexta-feira (25 de abril). Conforme apurado, o executivo, que atualmente se encontra nos Estados Unidos por razões de saúde, já planejava sua saída após a votação das demonstrações financeiras de 2024, marcada para segunda-feira (28 de abril). Todavia, decidiu antecipar sua saída devido a divergências com o presidente Augusto Melo, que deseja abrir também as contas de 2023.

Posição atual do Corinthians

O Corinthians informou que segue rigorosamente as condições contratuais estabelecidas durante a antiga gestão e que, juridicamente, vem utilizando todos os recursos legais disponíveis para proteger seus interesses. “A atual gestão segue empenhada em honrar todos os compromissos assumidos, reafirmando seu compromisso com a transparência e a responsabilidade na condução administrativa do clube”, concluiu o clube em nota oficial.

Ana Teixeira

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