Jornalista cobra Ancelotti sobre mau uso de brasileiro

A relação entre Carlo Ancelotti e Endrick, jovem atacante revelado pelo Palmeiras, tem sido marcada por desafios desde o início. Conforme analisado em coluna recente de Milly Lacombe no UOL Esporte, a falta de paciência do treinador do Real Madrid com o brasileiro tem se tornado cada vez mais evidente.

Em uma partida da Liga dos Campeões contra o Stuttgart, Endrick optou por finalizar ao gol, mesmo tendo Mbappé livre para receber o passe. Embora o lance tenha terminado bem, com bola na rede, a atitude gerou incômodo.

Ancelotti, então, afirmou publicamente que achou “estranho” o jovem não ter passado a bola. Desde esse episódio, a utilização de Endrick ficou cada vez mais limitada, e especulações sobre um possível empréstimo começaram a circular, sem que fossem oficialmente negadas pelo clube.

Aumento da tensão

Posteriormente, outro episódio aumentou a tensão: Endrick tentou uma cavadinha para marcar um gol, em um lance que já estava invalidado por impedimento. Apesar disso, Ancelotti não hesitou em criticar a ousadia do atacante.

“Ele deve chutar o mais forte possível, não pode fazer teatro. No futebol, clube de teatro não existe”, declarou o italiano após a vitória sobre o Getafe. Dessa forma, o treinador deixou explícito seu descontentamento com o estilo criativo do jovem, pressionando para que ele se adaptasse a um perfil mais pragmático.

É inegável que o comportamento do técnico pressiona Endrick a se moldar a um esquema tático mais rígido, limitando, eventualmente, sua criatividade — uma característica que, conforme destacou a jornalista, deveria ser preservada para o bem do próprio futebol.

A crítica de Milly Lacombe também aponta para uma cultura de hierarquia dentro do vestiário merengue, em que novos jogadores devem se submeter ao comando dos líderes, reduzindo seu instinto natural e seu estilo ousado de jogo.

Enquanto isso, a situação de Endrick se agrava também porque o Real Madrid enfrenta instabilidades em campo. Em momentos de crise, conforme observado, é comum que o elo mais fraco — geralmente um jovem recém-chegado — seja responsabilizado.

Endrick, ocasionalmente, parece estar pagando esse preço. Um possível empréstimo, dessa maneira, poderia representar uma oportunidade para que ele reencontrasse seu futebol com mais liberdade e menos pressão.

Resistência anterior à contratação

Entretanto, a origem da resistência de Ancelotti a Endrick remonta a momentos anteriores à chegada do jovem ao clube espanhol. De acordo com apuração do jornal SportSport, repercutida pela CNN Brasil, o treinador já havia se posicionado de maneira contrária à contratação do brasileiro.

Embora a decisão final sobre contratações pertença majoritariamente a Florentino Pérez, Ancelotti teria alertado a diretoria sobre a saturação no setor ofensivo, especialmente com a iminente chegada de Mbappé, além de Vinicius Júnior, Rodrygo e Bellingham, que já atuavam como protagonistas no ataque madridista.

A preocupação do técnico era de que o excesso de opções no ataque limitasse as oportunidades para novos talentos. Curiosamente, apesar de Endrick ter o melhor índice de gols por minuto entre os atacantes, é, atualmente, o jogador menos utilizado em meio à forte concorrência no elenco.

É importante destacar que, enquanto a chegada de Mbappé nunca foi questionada pelo treinador, o mesmo não ocorreu com Endrick. Assim sendo, a integração do brasileiro ao time principal ocorre em meio a um ambiente de resistência silenciosa, o que inevitavelmente afeta sua confiança e ritmo de adaptação.

Possível futuro de Ancelotti e impacto para Endrick

Por fim, é relevante citar que Ancelotti pode estar de saída do Real Madrid, uma vez que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) planeja sua contratação para comandar a Seleção Brasileira após o Mundial de Clubes. Tal mudança, eventualmente, poderia alterar o cenário para Endrick, abrindo espaço para que o jovem tenha novas oportunidades de se afirmar.